O sonho referente a toda uma legítima tradição regional tornou-se realidade: a luta marajoara é, oficialmente, integrante do Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado do Pará, graças ao projeto de lei 6/2021 de autoria do deputado Raimundo Santos (PSD), aprovado de forma unânime na Assembleia Legislativa (Alepa) e acaba de originar a Lei 9.522, promulgada em 8 de abril passado no Diário Oficial do Estado (DOE), após sanção do governador Helder Barbalho.
A notícia foi divulgada em clima de festa pela Federação Paraense de Luta Marajoara (FPLM) em suas redes sociais e entre praticantes da arte marcial no Arquipélago do Marajó. A perspectiva é que a nova realidade conceitual no âmbito do Estado facilite maior reconhecimento, disseminação e prática da modalidade através de iniciativas e ações individuais com parcerias ao nível governamental ou convênios interinstitucionais, por exemplo.
Satisfeita com a lei já em vigência, a FPLM orientou a produção de vídeos entre seus integrantes com os dizeres: “A LUTA MARAJOARA AGORA É LEI ESTADUAL. SOMOS PATRIMÔNIO CULTURAL DO PARÁ”. “Somos gratos ao deputado [Raimundo Santos]”, disse o conselheiro fiscal da federação, João Paulo Beltrão Gama.
Segundo estudiosos, a luta marajoara é uma arte marcial antiga, que remete a influências indígenas, de negros africanos e caboclos nas grandes fazendas. Dário Pedrosa, secretário-geral da FPLM e pesquisador, informou que a existência da modalidade no Marajó pode até mesmo preceder a chegada dos icônicos búfalos à região, onde há cerca de 10 mil praticantes, dos quais cerca de 2 mil sendo registrados como atletas.
“A importância da luta marajoara faz parte de um amplo e intrínseco contexto sociológico da população marajoara, de costumes e forte tradição ao longo de gerações”, aponta o deputado Raimundo Santos. “Era necessário um resgate público para a valorização desse esporte de natureza suave e legitimamente brasileiro”, afirmou o parlamentar.