Deputado Raimundo Santos quer Benedito Nunes no ‘Livro de Aço’
Proposição parlamentar reconhece importante legado do eminente intelectual paraense, falecido há quase 14 anos

A genialidade e o legado do filósofo, professor, pesquisador, escritor, ensaísta e crítico literário Benedito Nunes, falecido há cerca de 14 anos (tempo completado no dia 27/2), devem ganhar em breve reconhecimento do Congresso Nacional à altura de seu status como um dos maiores pensadores brasileiros da atualidade e de influência mundial. Um projeto de lei apresentado recentemente na Câmara dos Deputados pretende inscrevê-lo no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, obra com páginas feitas de aço que está depositada no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Criado em 1992 a reorganizado no ano passado com subdivisões físicas em volumes, seções e tomos, o “Livro de Aço”, como também é chamado, tipifica prestação de homenagem oficial a cidadãos brasileiros que desenvolveram serviços de relevância ao País.
Em tramitação desde o dia 4 de fevereiro, a proposição, de número nº 253/2025, é de autoria do deputado federal Raimundo Santos (PSD-PA), que destaca na justificação: “O nome do paraense Benedito José Viana da Costa Nunes (1929-2011) é considerado, não de hoje, uma instituição nacional e global: já transcendeu a figura humana e chegou à de ícone pelo que sempre representará nos âmbitos da educação, da filosofia e da crítica literária intercontinental”.
Segundo o parlamentar, eminentes especialistas apontam o legado do intelectual como “obras e intervenções intelectuais referências absolutas” e que, por conta disso, “tornaram-se um monumento inestimável para a cultura e o pensamento da sociedade brasileira contemporânea”. “Não são poucos os registros acerca da sua importância como autêntico gênio, facilmente acessíveis na web e nos círculos acadêmicos”, afirmou.
Para embasar a argumentação da proposta, o projeto cita diversas referências documentais e de publicações enaltecendo a importância de Benedito Nunes, como a revista “Cult”, a qual, na sua edição física nº 231, de fevereiro de 2018, destinou-lhe a capa com o título “Dossiê Benedito Nunes – O Filósofo da Poesia”, apresentando o subtítulo “Estudiosos que conviveram com o crítico paraense analisam a importância de sua obra para a vida intelectual brasileira”.
No editorial parcialmente transcrito no PL, a jornalista Daysi Bregantini escreveu: “No Norte do país, na capital do Pará – estado ornamentado pela riqueza da Floresta Amazônica – nasceu, no dia 21 de novembro de 1929, um dos grandes tesouros do Brasil: Benedito José Viana da Costa Nunes, Bené para os seus muitos amigos”. Com admiração, Bregantini declara também: “Sua extensa atividade intelectual de importância inquestionável é profundamente original e aproxima a literatura da filosofia em um diálogo poético e crítico”.
O projeto ainda informa que Benedito Nunes foi um dos fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará, atualmente vinculada à Universidade Federal do Pará (UFPA), onde se aposentou em 1998 como professor emérito, e que lecionou e dirigiu com destaque seminários nos Estados Unidos, Canadá e em diversos países da Europa. Incensado por intelectuais e instituições nacionais e estrangeiras geradoras do saber, ele faleceu em 2011 por complicações de hemorragia no estômago.
Pesquisador e professor desde a década de 1950, ganhou notoriedade por estudos sobre autores como Clarice Lispector (1920-1977) e Guimarães Rosa (1908-1967), mas era profundo conhecedor de referências globais do pensamento como Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Martin Heidegger (1889-1976).
Entre suas principais obras estão “Passagem para o Poético: Filosofia e Poesia de Heidegger” (Edições Loyola, 2012), “O Tempo da Narrativa” (Edições Loyola, 2013), “O Drama da Linguagem: Uma Leitura de Clarice Lispector” (Editora Ática, 1989), “No Tempo do Niilismo e Outros Ensaios” (Edições Loyola, 1993), “O Nietzsche de Heidegger” (Pazulin, 2000), “A Rosa o que é de Rosa” (Difel, 2013), “Introdução à Filosofia da Arte” (Loyola, 2016), “O Dorso do Tigre” (Editora 34, 2009), “Oswald Canibal” (Perspectiva, 1979), “João Cabral: A Máquina do Poema” (Editora da UnB, 2007), “A Clave do Poético” (Companhia das Letras, 2009), “Ensaios Filosóficos” (WMF Martins Fontes, 2010) e “Heidegger” (Loyola, 2017).