O deputado Raimundo Santos (Patriota) e o advogado e ativista baiano Roberto Lasserre, respectivamente, coordenador estadual e nacional do Movimento Brasil Sem Azar promoveram hoje (28 de janeiro) palestra voltada a líderes evangélicos em Belém para o debate do projeto de lei 442/1991, que prevê a legalização dos jogos de Azar no País – a proposição deverá entrar em pauta de votação já na próxima semana na Câmara Federal.
O evento, que ocorreu no Seminário Teológico da Assembleia de Deus (Setad), faz parte de uma mobilização apolítica e intersetorial que vem percorrendo as capitais para evitar a aprovação da matéria, considerada extremamente danosa à sociedade. Na abertura da programação, o pastor Adriano Casanova leu trecho bíblico e o pastor Philipe Câmara, do Templo Central da Assembleia de Deus, esteve presente representando o presidente da igreja, Samuel Câmara, e fez orações no início e final do encontro.
“Esse tema tem tudo a ver com aquilo que nós pregamos, contra o pecado e que devemos amar a Deus e ao próximo, e essa legalização seria uma atrocidade, uma tragédia nacional”, classificou o deputado Raimundo Santos. “É preciso que nós façamos duas coisas importantes: uma é que devemos orar pelas autoridades, porque o apóstolo Paulo recomendou a Timóteo orar em favor de todas delas. Nesse momento é preciso que Deus toque no coração de cada parlamentar, mas é preciso também que a gente faça um outro trabalho: somar, nos mobilizar, cumprir com o nosso papel. Esse projeto representa um perigo para a sociedade brasileira”, enfatizou.
Em sua manifestação, Roberto Lasserre apresentou um amplo painel de causas e efeitos dos jogos de azar pelo mundo e as consequências da descriminalização nacional do conjunto da jogatina, como bingos, cassinos e jogo do bicho, por exemplo, tipificados de contravenções no Código Penal Brasileiro. A base de dados compilados é da Cruz Azul, entidade gaúcha sem fins lucrativos fundada em 1982, cujo propósito é desenvolver ações para dependentes químicos e familiares codependentes, sendo apontada como Centro de Referência em Dependência Química (CEREDEQ).
O palestrante desconstruiu com os dados técnico-científicos apresentados em telão as argumentações dos legalistas, como o aumento do turismo receptivo, postos de trabalho e arrecadação tributária. De acordo com os estudos apresentados por Lasserre, os brasileiros só têm a perder em caso de aprovação do projeto: o custo social terá aumento exponencial, com reflexos na violência pública e na área da saúde.
“Na minha concepção é um projeto totalmente irresponsável, não mereceria, nunca, ter o requerimento de urgência, e pode trazer graves consequências para a sociedade, especialmente quanto à ludopatia, que é compulsão aos jogos”, alertou ele. “Quem deseja legalizar os jogos apresenta um discurso falacioso e precisa ser combatido. É preciso reagir”, pregou. “Isso tem de ser falado aos parlamentares estaduais, federais, líderes políticos, religiosos, sociais, para que o Brasil possa se insurgir e não permitir que os jogos de azar sejam legalizados”, defendeu o conferencista.
“Os jogos não vão trazer novos empregos, receita, e não afasta a possibilidade de jogos clandestinos. A questão da ludopatia é muito grave, estarrecedora: os jogadores compulsivos, em torno de 50% a 80, já pensaram em se suicidar – a média da população é 5%. Entre 13% e 20% tentaram o suicídio efetivamente ou conseguiram, e a média da população é 0,5%. Estamos falando de uma desgraça social que o Brasil tem de enfrentar”, apontou o conferencista, que interagiu com a plateia respondendo questionamentos e tirando dúvidas.